Crônicas de Hellia

Crônicas de Hellia
Capítulo 1: Um dia qualquer (parte 1)

         Era mais um dia escuro em Northus, cidade em que resolvi me estabelecer por um tempo. Fiz as mesmas coisas de sempre naquela manhã, levantei, comi a primeira comida que vi, cheirei as roupas pra ver se estavam razoavelmente limpas, me vesti, gastei alguns minutos escovando meu cabelo, fiz um rabo de cavalo nele, afiei as espadas e a adaga delicadamente, apanhei minha mascara, vesti a brunea, calcei as botas e as luvas, abri a porta e saí. Tranquei a porta e me dirigi ao quartel general da "Guilda de Resgate e Reparos Externos", onde trabalho. Depois da chegada de Ipnasdac, a grande tempestade, todos nós recebemos funções que somos obrigados a cumprir em troca de algumas moedas e suprimentos. Era pra ser um dia comum, mas a cidade estava meio triste, mais do que de costume. Mesmo com toda a falta de recursos e o medo constante dos enviados da tempestade, os Mantnasdac, a cidade ainda fervia em vida. Enquanto caminhava, passei em frente a taverna, notei q estava cheia e decidi entrar. Os mesmos bêbados de sempre estavam lá, inclusive Nuck e Alard Triuck, os gêmeos do trovão, como costumam se chamar. Assim que entrei eles me viram, não estavam tão animados como antes, mesmo assim, me receberam com toda a amizade que tinham.

- Grande Oligard Tritiud, o maior ranger das terras  amaldiçoadas de Hellia. Já soube da notícia? - Perguntou Nuck
- Não! - respondi- Acabei de chegar.
-  A companhia 6A saiu a três dias e não voltou.- Alard sussurrou
- Alguém já foi enviado para ajudar - perguntei
- A 3B e a 4A foram enviadas, mas nenhuma voltou ainda.

          Quando a minha cerveja chegou, um guarda adentrou a taverna e veio em nossa direção.

- Oligard?
- Sim.
- o Capitão Cartsan está a sua espera. - disse o guarda com uma voz autoritária
- Já estou indo! - Respondi
- Ele o espera agora. - insistiu
- Deve ser assim que o seu marido fala com você. - provoquei-o

             Ele pôs a mão na espada e, antes que a sacasse da bainha, saquei minhas espadas das costas e as descansei sobre seus ombros. Os gêmeos trocaram o copo pelo  machado e martelo se levantando.

- Vamos. - ordenei -  Pare de encher o saco e nos leve logo ao capitão.

                  Ele nos guiou pelas ruas estreitas até o prédio da guilda. Alto e imponente, ele se ergue em meio as casa do quadrante de comercio e habitação. Entramos e fomos até a sala do capitão onde Wintana e Clérebus já nos esperavam.

- Já chegaram? - perguntei
- Sim - disse Wintana sorrindo - só você que sabe se esconder quando precisamos das suas habilidades de combate.
- Você ainda está com raiva daquele dia? - questionei - Já disse que fazia parte da estratégia e você nem pode reclamar, afinal, se eu não tivesse me escondido nas sombras não teria te livrado daquele esqueleto.
- Ele ja estava praticamente derrotado, seu idiota. Você não fez nada demais.

                  Enquanto discutíamos, a secretária do capitão veio até nós.

- Podem entrar! - disse com uma voz doce e cordial.
- Então, minha bela princesa das fadas. - disse Nuck, se aproximando dela. - Você sai daqui a que horas?

                Wintana reduziu a velocidade enquanto andava e puxou o bárbaro pelo braço com toda a força.

- Venha seu rinoceronte, estamos aqui para trabalhar. - disse ela, puxando-o.

           Fui o primeiro a entrar, me deparei com aquela figura de baixa estatura, imponente e arrogante. Me dirigi a sua mesa, fiquei de pé. Clérebus sentou-se em uma cadeira em minha frente, mas logo foi expulso por Alard que se sentou em seu lugar.
                Wintana e Nuck entraram por ultimo e brigaram pela cadeira que restou até a mulher vencer e sentar-se, deixando uma expressão de desprezo na cara do capitão que começou a falar imediatamente.

- À oitenta horas o trem de carregamento de óleo da fonte norte deveria ter descarregado na refinaria desta cidade e partido para Mountsmore, porém, após passar pelos poços não tivemos resposta dele. - disse o capitão enquanto andava para um lado e para o outro por trás da mesa. - Enviamos uma equipe para averiguar a situação à 72 horas e ela não retornou. Enviamos mais duas e só um integrante deles voltou e se encontra, agora, na ala médica da guilda gravemente ferido.
- E onde entramos nisso? - perguntou Wintana
- Vocês irão até o poço, recolherão informações e voltarão para a guilda.
- O que ganhamos se aceitarmos? - Alard perguntou
- A recompensa será decidida quando voltarem, devido ao caráter emergencial da  missão. - respondeu de maneira direta e ríspida - Vocês deverão partir imediatamente. - continuou.
- Ta bom, espero que dê pra pagar a conta da taverna. O velho Condar quase não quis me atender. - disse Nuck, cabisbaixo.

                     Fomos para nossas casas, juntamos o que conseguimos e partimos. A guilda nos deu cavalos vapor para seguirmos viagem no terço do tempo. Clérebus não estava muito feliz com isso, era um mago recluso e só entrou para a guilda por precisar de dinheiro.

- Odeio montar em máquinas com óleo fervente em suas entranhas. - lamentou o jovem mago.

                      Ao contrario de Clérebus, os gêmeos estavam adorando cada segundo. Pareciam que haviam voltado a infância.

- O papai estava errado ao dizer aquilo sobre a vida. - disse Alard. - Isso aqui que é o bom da vida!!! - gritou a plenos pulmões.

                         A alegria se esvaiu ao chegarmos nas redondezas do poço de óleo, paramos os cavalos e nos abrigamos numa ravina rasa distante o bastante para que pudéssemos ver o que estava acontecendo. No início pensamos que fossem pessoas revoltadas, a final, ataques de nômades aos poços são recorrentes. No entanto, quando Clérebus olhou por sua luneta, percebemos pela expressão em seu rosto que estávamos enganados. Wintana tomou-lhe a luneta das mão e apontou para o poço. Ele é bem fortificado, com muros fortes e torres de vigia, mas não foi suficiente.

- Uma orda. - disse a paladina
- Que?! - perguntou Nuck
- Uma orda!! - repetiu ela - Uma orda de mortos-vivos.

                                                      Fim da Parte 1 

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